quarta-feira, setembro 14, 2005

Um mundo às cores...


Nós vivemos num mundo às cores; seja na realidade seja na cabeça de muita gente! Um mundo em que há pretos, brancos, amarelos, rosas e vermelhos e afins. Um mundo fácil de distinguir quem é quem, onde o sol poe a descoberto tudo o que vivemos! Onde sabemos quem é bom e quem é mau. Um mundo que, por incrível que pareça, vive de luz e sombra; onde existe sempre a possibilidade e evidência de uma conspiração perpetrada por lobbys sempre presentes embora aparentemente ausentes.Um mundo que é um campo de batalha, onde não há lugar para os titubeantes; onde devemos tomar parte sempre do bem; facilmente reconhecível, com as pessoas de bem, normais, saudáveis e equilibradas socialmente (à luz do sol que é sempre muito importante). Neste mundo, como dizia há sempre lobbys: religiosos, maçónicos, políticos, culturais, raciais e pasme-se sexuais. Tudo neste mundo, para quem não sabe se move por lobbys. Seja para vender apartamentos, seja para difundir filosofias perigosas e destabilizadoras da sociedade. Estes lobbys são o motor da sociedade: reflectindo a maneira de operar de toda a gente que pensa em lobbys.E o meio supremo desta difusão é a TV: onde todos os lobbys se concentram qual colmeia de males. Este é o nosso mundo às cores: onde lobbys se defrontam tendo as pessoas, nós, como vítimas silenciosas. Um mundo onde tudo se marca nas sombras; onde em cada esquina os lobbys pululam e tecem teias de armadilhas.
Tendo em conta o preâmbulo: entendemos o medo de alguns para com programas accionados e despoletados pelo negro lado da sociedade.
Muita reflexão se pode fazer:
O perigo de considerar ainda a homossexualidade como doença (que grande epidemia que por aqui anda)
O próprio uso da TV; pois, os programas em causa são a horas em que os cuidados dos pais/educadores deveriam ter mão nas suas crianças. Coloca-se o problema da relação entre pais e filhos, o tempo dado a isso e como se disciplina o tempo dos adolescentes e crianças junto da família. Ataques à família? Vejamos como ela própria se pode consumir. E é de facto, o seio onde se pode aprender desde tenra idade os valores da dádiva, da gratuidade, do respeito e da aceitação do próximo. Serão conceitos abstractos? E pouco cristãos? Será a saída para a má TV, em plena sociedade democrática.
Há má TV. O problema deve ser atacado; os exemplos e imagens são profícuos: desde do sapo e pinguim que se peidam e arrotam (imagem de marca do homem português?) ou o programa execrável que testa fidelidades. Bem, se calhar a imagem de mulheres nuas a rebolarem com outros na cama e pancadaria em palco é melhor que mostrar homossexuais? È mais normal?
Coloca-nos vários problemas esta sociedade de cores. Para todos aqueles que saem em defesa dos seus filhos, temos que relembrar que é melhor conhecer pela TV do que mais tarde, aprender com tios, primos, amigos e conhecidos a formar família (e numerosa), não ter relação afectiva com a esposa (só para procriar) e depois ir buscar homens/rapazes ao parque ou visitá-los em casa montada por eles. Vejamos o que é melhor para a consciência pessoal?
O problema tem uma raiz profunda e não meramente nas cores; como sabemos sempre para nós o pecado mora ao lado. Nunca somos nós; e na sociedade das cores, é mais fácil rotular, ter medo e abafar os que são de cor diferentes. Ridícula discussão quando o nosso país passa pela crise que passa. Ridícula autorização do governo civil e ridículas as caras que aparecem a defender a masculinidade como “fait-diver” exterior.

Sem comentários: