terça-feira, março 24, 2009

terça-feira, março 17, 2009

A moda e a internet


O Papa e a internet

"O facto de que esta sobreposição de dois processos contrapostos se tenha verificado e que durante algum tempo tenha perturbado a paz entre cristãos e judeus e mesmo a paz no seio da Igreja, posso apenas deplorá-lo profundamente. Disseram-me que o acompanhar com atenção as notícias ao nosso alcance na internet teria permitido chegar tempestivamente ao conhecimento do problema. Fica-me a lição de que, para o futuro, na Santa Sé deveremos prestar mais atenção a esta fonte de notícias. Fiquei triste pelo facto de inclusive católicos, que no fundo poderiam saber melhor como tudo se desenrola, se sentirem no dever de atacar-me e com uma virulência de lança em riste. Por isso mesmo sinto-me ainda mais agradecido aos amigos judeus que ajudaram a eliminar prontamente o equívoco e a restabelecer aquela atmosfera de amizade e confiança que, durante todo o período do meu pontificado – tal como no tempo do Papa João Paulo II –, existiu e, graças a Deus, continua a existir.
Outro erro, que lamento sinceramente, consiste no facto de não terem sido ilustrados de modo suficientemente claro, no momento da publicação, o alcance e os limites do provimento de 21 de Janeiro de 2009. A excomunhão atinge pessoas, não instituições."

http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/letters/2009/documents/hf_ben-xvi_let_20090310_remissione-scomunica_po.html

terça-feira, março 10, 2009

quinta-feira, fevereiro 26, 2009

Crédito para obras a 40 dias

26 02 2009 08.22H

«És pó e em pó te hás-de tornar», diz o padre na cerimónia que abre a Quaresma, enquanto, com o polegar mergulhado em cinzas, desenha uma cruz na testa de quem se aproxima do altar.
Desde que me lembro de mim que gosto deste ritual, da cruz esborratada que por lá ficava um bocadinho, até que a franja ou um gesto desajeitado a fizessem desaparecer. Sempre achei que era um apelo à humildade, hoje percebo que à humildade dos sábios, porque só eles suportam a ideia de voltarem ao pó.
Quando era miúda, a ideia de desaparecer sem deixar rasto não me fazia confusão nenhuma, mas constato agora que não por qualquer grau de santidade, mas apenas porque me parecia uma realidade distante e impossível. Com a idade percebi que à medida que envelhecemos lidamos com progressiva dificuldade com a suspeita de que podemos não deixar marca.
Angústia que só se combate, desconfio, se estivermos seguros de que investimos tanto na relação com os outros que permaneceremos imortais dentro deles, que é onde a imortalidade importa, desculpem a heresia.
Todas as pessoas que amei e morreram continuam a passear-se alegremente entre os meus neurónios, a brincar às escondidas por cima de rins e pulmões, manifestando-se em gargalhadas ou lágrimas conforme lhes apetece.
Mas, para que os outros caibam dentro de nós, é preciso espaço, e é esse o desafio deste crédito para obras, a que chamam Quaresma.
Quem andou na catequese lembra-se, certamente, de fazer listas de sacrifícios, prazeres de que nos privávamos na tentativa de nos livrarmos do acessório, para conquistar lugar para o importante.
Confesso que me parecia masoquista inventar penas, quando a vida as incluía de sobejo, mas admito que a frustração aguça a capacidade de fazermos uso dos nossos recursos internos.
Suspeito que, a fugir de um extremo, caímos no outro: se calhar temos que voltar a traba-lhar a resiliência dos nossos filhos.

Isabel Stilwell editorial@destak.pt

Amamos...

In Time Out
Amamos
Acordar e ver que ainda podemos dormir Há um momento a meio da noite capaz de provocar êxtase numa pessoa. Não, não é sexo e também não é um sonho. É o momento em que abrimos os olhos e, ainda com sono, olhamos para as horas e o relógio nos diz que podemos voltar a dormir. Qualquer comum mortal que comece os seus dias sob o jugo da ditadura do despertador sabe o prazer que isto é: acordar mas poder voltar a dormir.
Melhor ainda, acordar com a leve sensação de que já se dormiu bastante (nunca muito, que nunca se dorme muito), entreabrir um olho para ter a dura confirmação de que já devem ser quase oito da manhã, e serem seis. Ou cinco. Ou até mesmo quatro. Ou – prazer dos prazeres – três da manhã. Automaticamente, o colchão da cama parece mais macio, o quente do edredão mais quente, a almofada com a forma perfeita debaixo da cabeça. Todos os problemas foram para o espaço. Durante uns segundos (o tempo de voltarmos a adormecer), nem nos lembramos que o despertador há-de tocar como toca sempre, dando início a outro dia igual ao anterior. Durante uns segundos, somos só nós e a doce perspectiva de mais umas longas horas de sono.
Ana Dias Ferreira
terça-feira, 24 de Fevereiro de 2009

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Requiem por um empresário/a

Semanário Económico
17 de Fevereiro

Será justo ter que pagar o IVA quando ainda não o recebi dos clientes? O IVA só deveria ser exigível com recibo. É de elementar justiça.
O meu nome é Manuel. Sou um empresário português típico, dono de uma PME. É de manhã, levanto-me e dirijo-me para a "minha" empresa. Entro no meu automóvel que me custou 30.000 euros dos quais 12.000 são IVA e Imposto Automóvel. No caminho paro para pôr 50 euros de gasóleo, dos quais cerca de 70% (35 euros) são imposto sobre os combustíveis e IVA. Oiço nas notícias que o Imposto Único de Circulação aumentou exponencialmente.
Como é o fim do mês, já vou a fazer contas de cabeça do que tenho a pagar neste dia. Dos 100.000 euros de salários teóricos a pagar tenho de entregar ao Estado, cerca de 23.750 euros de taxa social única (só por parte da empresa). Se pagasse menos poderia contratar mais pessoal, mas assim não é possível.
A acrescentar a isto tenho de entregar o Pagamento Especial por Conta e, como cereja em cima do bolo, o IVA trimestral. Mas com a crise ainda não recebi de muitos dos meus clientes. Será justo ter que pagar o IVA quando ainda não o recebi dos meus clientes? O IVA só deveria ser exigível com recibo. É de elementar justiça.
Verifico mais uma vez o saldo bancário da empresa e interrogo-me: como é que vou fazer face a todas estas despesas, quando os meus clientes na maior parte dos casos ainda não me pagaram, sendo que alguns nem sequer o vão fazer e os bancos, também com problemas de liquidez, não me emprestam mais dinheiro?!...
Lembro-me da hipótese de recorrer à Justiça, mas um amigo chama-me à atenção para os enormes custos das taxas de justiça em Portugal, da morosidade do processo, e da prova infernal que os juízes exigem num simples processo de cobrança. Desisto pois de recorrer aos tribunais e clamar pela justiça a que teria direito no mais elementar Estado de Direito democrático. Saio do automóvel e entro para a fábrica. O edifício custou 1 milhão de euros a construir, dos quais 500 mil euros foram em impostos (de IVA não dedutível, licenciamentos, Imposto de Selo, IMT, e uma parafernália de taxas municipais). E o pior de tudo é que, apesar de já ter pago o empréstimo ao banco com o pesado Imposto de Selo, não sou verdadeiramente dono dele. Pago uma renda anual de 4 mil euros de IMI mais cerca de 2 mil euros de taxas de esgotos, de exploração e muitas outras escondidas nas facturas de electricidade, água, gás, etc..
Dirijo-me ao meu gabinete e telefono de imediato ao contabilista, que me chama a atenção para o facto de estar próximo o pagamento do IRC, e que a taxa efectiva que vou pagar sobre os 90 mil euros de lucro, vai ser próxima dos 40%. Pergunto-lhe como? Uma vez que o IRC e a Derrama são no total 26,5%. Este responde que esse número é ilusório, e explica-me que são sujeitos a imposto à taxa de 10%, os encargos com os automóveis e com as viagens e refeições, entre muitas outras coisas.
Interrogo-me! Então exportar é prioritário? Quando vou tentar alargar mercados para os meus produtos no estrangeiro pago impostos por esse esforço. Não basta já os custos económicos e de tempo que tais viagens implicam?
Diz-me também que o IVA com a aquisição de veículos ligeiros de passageiros não é dedutível, nem tão pouco com o combustível. Isto sem falar do maravilhoso IRS que incide sobre os parcos rendimentos. Agradeço-lhe e desligo o telefone e penso: o que é que eu estou a fazer aqui? Será que vale a pena? Somos esmagados pelos impostos, taxas, licenças, retenções, pagamentos especiais, liquidações, etc. para no final, depois de tanta dor de cabeça, ficarmos com quase nada. Por outro lado, quando queremos serviços tão elementares do Estado, como Justiça, Saúde, Segurança e Educação, apercebemo-nos que os nossos impostos desaparecem como se fossem atirados para um poço sem fundo. Alguns serviços são maus, lentos ou temos de os pagar mais uma vez, depois de já os termos pago com os nossos impostos.
Parece-me que a sociedade actual é iníqua, em que alguns trabalham para manter vícios e privilégios de outros, num ciclo de degradação que começou há mais de 20 anos, que se agrava de ano para ano e parece não ter fim.____
Tiago Caiado Guerreiro, Advogado fiscalista

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Quando envelhecer usarei roxo

WHEN I AM AN OLD WOMAN I SHALL WEAR PURPLE

With a red hat which doesn't go, and doesn't suit me.
And I shall spend my pension on brandy and summer gloves
And satin sandals, and say we've no money for butter.
I shall sit down on the pavement when I'm tired

And gobble up samples in shops and press alarm bells
And run my stick along the public railings
And make up for the sobriety of my youth.
I shall go out in my slippers in the rain
And pick the flowers in other people's gardens
And learn to spit
You can wear terrible shirts and grow more fat
And eat three pounds of sausages at a go
Or only bread and pickle for a week
And hoard pens and pencils and beermats and things in boxes

But now we must have clothes that keep us dry
And pay our rent and not swear in the street
And set a good example for the children.
We must have friends to dinner and read the papers.

But maybe I ought to practice a little now?
So people who know me are not too shocked and surprised
When suddenly I am old, and start to wear purple.

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

Portugal no seu melhor

Euromilhões: Pastora comprou Mercedes e continua com cabras

Uma pastora de Melgaço que em 2005 ganhou 68.580 euros no Euromilhões gastou o dinheiro «quase todo» na compra de um Mercedes e continua diariamente a levar as suas 135 cabras a pastar no monte.
«Há muito que o meu sonho era ter um Mercedes e a sorte no Euromilhões permitiu-me concretizar esse sonho. O dinheiro foi quase todo para o carro», confessa, com simplicidade, Maria do Carmo Faria, 47 anos de idade, moradora em Fiães, concelho de Melgaço.
Com a mesma simplicidade, Maria do Carmo acrescenta que «não se ajeita lá muito bem» com o Mercedes, «porque não tem travão de mão e é muito comprido», e que, por isso, «não se desfez» do seu velhinho Opel, que continua a utilizar.
«Faço assim: para ir às cabras, à missa ou fazer outras coisas aqui por perto, vou no Opel, e quando vou à vila ou faço uma viagem maiorzinha levo o Mercedes», conta.
Maria do Carmo foi premiada no sorteio de 12 de Agosto de 2005, mas só em Outubro é que se apercebeu que tinha um prémio para receber, já que nem se dera ao trabalho de conferir o boletim.
in Diario Digital, hoje

terça-feira, fevereiro 10, 2009

Quem faz de Salazar????

"Achei a série altamente especulativa. Duvido muito que muitas das histórias contadas se tenham passado de facto", afirma ao DN Irene Pimentel. Apesar de deixar bem claro que não é crítica de televisão, a historiadora defende que "os diálogos são pouco ricos" e aponta alguns aspectos "muito preguiçosos da produção": "diálogos pouco ricos, as figuras de 1905 não falavam assim e não se vestiam nem se movimentavam da forma apresentada, o sotaque lisboeta das meninas da Beira e ainda o sotaque ora beirão ora lisboeta de Salazar".
Resumindo, Irene Pimentel afirma que considerou o episódio de domingo "enfadonho", "um rol de relacionamentos com mulheres, sem qualquer contextualização histórica, que não dá a ideia da importância política de Salazar no século XX português".
Do DN de hoje

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

The curse is come upon me

On either side the river lie
Long fields of barley and of rye,
That clothe the wold and meet the sky;
And through the field the road run by
To many-tower'd Camelot;
And up and down the people go,
Gazing where the lilies blow
Round an island there below,
The island of Shalott.

Willows whiten, aspens quiver,
Little breezes dusk and shiver
Through the wave that runs for ever
By the island in the river
Flowing down to Camelot.
Four grey walls, and four grey towers,
Overlook a space of flowers,
And the silent isle imbowers
The Lady of Shalott.

She left the web, she left the loom,
She made three paces through the room,
She saw the water-lily bloom,
She saw the helmet and the plume,
She look'd down to Camelot.
Out flew the web and floated wide;
The mirror crack'd from side to side;
"The curse is come upon me," cried
The Lady of Shalott.

Who is this? And what is here?
And in the lighted palace near
Died the sound of royal cheer;
And they crossed themselves for fear,
All the Knights at Camelot;
But Lancelot mused a little space
He said, "She has a lovely face;
God in his mercy lend her grace,
The Lady of Shalott."

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

Crise, culpa nossa....

Texto retirado do CM de hoje, on-line

"Acompanhem-me no resumo sucinto da lógica que conduziu a este momento de crise, no qual o desemprego é o grito de alarme do falhanço do sistema.
O pensamento económico moderno baseia-se na opção não pelo ser humano ‘ideal’ mas pela pessoa ‘real’. Esta opção seguiu-se a dois séculos de debates sobre "paixões e interesses". Assim se articula e encadeia os raciocínios, que, aparentemente, nos convenceram: o ser humano real é um caudal de paixões; as paixões reorientam-se para outras paixões; existem paixões mais produtivas do que outras; a melhor paixão é o interesse próprio; o interesse governa o Mundo; os interesses tornam-se mais produtivos quando combatem entre si; os interesses competitivos ajustam-se espontaneamente entre si; surgem frutíferos mecanismos de ajuste que funcionam autonomamente; o seu automatismo não requer intenções subjectivas de fazer o Bem; não há necessidade de intenções solidárias, porque basta o respeito pelo mercado; os mecanismos do mercado orientam-se para o melhor bem comum.
Esta antropologia que resumi, base do pensamento económico, esquece algumas noções fundamentais sobre o sujeito humano. Tudo se subjuga ao paradigma do interesse próprio e competitivo. Não se responde à pergunta: eficiência para que objectivos? Declara-se espontâneas e naturais as "leis económicas". O próprio interesse, o egoísmo como expressão do altruísmo, a busca do lucro como algo socialmente benéfico, a agressividade competitiva como fonte de eficácia, servem de interpelações éticas às consciências individuais, mas a lógica económica em que vivem abafa-as. Cresceu o risco de um economicismo fundamentalista que exalta os valores do sucesso, da eficácia, da produtividade, da posse. Alguns nossos contemporâneos, vítimas deste pensamento económico, vivem com angústia o futuro e perguntam--se se viver é bom ou se não teria sido melhor nem sequer terem nascido.
Valerá a pena chamar outros à vida na incerteza do presente ou na crueldade previsível do futuro? Caminhos de esperança não são baratos, não resultam de retórica falsamente messiânica, requerem antes grande mudança de paradigma económico, travado pela dignidade humana, por critérios sociais rigorosos, por propostas jurídicas eficazes, por regulação vigilante e firme, por uma grande coesão globalizada. A dignidade como realização de plena humanidade, como responsabilidade de cada pessoa diante de si mesma e como responsabilidade sobre os outros, está a ser ofendida por discursos e actuações económicas errados e falsos. É tempo de abrir os olhos e dar espaço a alternativas."
D. Carlos Azevedo, Bispo Auxiliar de Lisboa

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Aos 90 anos, uma vida cheia


Morreu no dia 3 de Fevereiro, uma grande figura da nossa cultura, D. António dos Reis Rodrigues. Muito se dirá sobre este homem significativo no panorama cultural dos anos 40, 50 e 60; porém, lembro com saudade a sua delicadeza de espírito e a cordialidade de trato. Figura elegante na escrita e na vida, deixou um rasto de grandeza intelectual. Muito ao estilo de São Francisco de Sales.

Ficam as homilias esplêndidas, os livros deliciosos, as palavras de um cavalheiro, o cuidado no trato e no vestir, o rigor da liturgia, as mitras "góticas" e a presença agradável! E, o alerta lançado que os padres deviam ler (que é um aviso para todos nós afinal) Eça e Garrett, para que as homilias não fossem tão más.

Um vulto que tão cedo não nos esqueceremos.

quarta-feira, janeiro 21, 2009

Tomada de Posse - Obama

Meus caros cidadãos:
Aqui estou hoje, humilde perante a tarefa à nossa frente, grato pela confiança que depositaram em mim, consciente dos sacrifícios que os nossos antepassados enfrentaram. Agradeço ao Presidente Bush pelo seu serviço à nossa nação, assim como a generosidade e a cooperação que demonstrou durante esta transição.Quarenta e quatro americanos fizeram até agora o juramento presidencial. Os discursos foram feitos durante vagas de crescente prosperidade e águas calmas de paz. No entanto, muitas vezes a tomada de posse ocorre no meio de nuvens espessas e furiosas tempestades. Nesses momentos, a América perseverou não só devido ao talento ou à visão dos que ocupavam altos cargos mas porque Nós o Povo permanecemos fiéis aos ideais dos nossos antepassados e aos nossos documentos fundadores.Assim tem sido. E assim deve ser com esta geração de americanos.Que estamos no meio de uma crise, já todos sabem. A nossa nação está em guerra, contra uma vasta rede de violência e ódio. A nossa economia está muito enfraquecida, consequência da ganância e irresponsabilidade de alguns, mas também nossa culpa colectiva por não tomarmos decisões difíceis e prepararmos a nação para uma nova era. Perderam-se casas; empregos foram extintos, negócios encerraram. O nosso sistema de saúde é muito oneroso; para muita gente as nossas escolas falharam; e cada dia traz-nos mais provas de que o modo como usamos a energia reforça os nossos adversários e ameaça o nosso planeta.Estes são indicadores de crise, resultado de dados e de estatística. Menos mensurável mas não menos profunda é a perda de confiança na nossa terra - um medo incómodo de que o declínio da América é inevitável, e que a próxima geração deve baixar as expectativas. Hoje eu digo-vos que os desafios que enfrentamos são reais. São sérios e são muitos. Não serão resolvidos facilmente nem num curto espaço de tempo. Mas fica a saber, América - eles serão resolvidos.Neste dia, unimo-nos porque escolhemos a esperança e não o medo, a unidade de objectivo e não o conflito e a discórdiaNeste dia, viemos para proclamar o fim dos ressentimentos mesquinhos e falsas promessas, as recriminações e dogmas gastos, que há tanto tempo estrangulam a nossa política. Continuamos a ser uma nação jovem, mas nas palavras da Escritura, chegou a hora de pôr as infantilidades de lado. Chegou a hora de reafirmar o nosso espírito de resistência, de escolher o melhor da nossa história; de carregar em frente essa oferta preciosa, essa nobre ideia, passada de geração em geração; a promessa de Deus de que todos somos iguais, todos somos livres, e todos merecemos uma oportunidade de tentar obter a felicidade completa.Ao reafirmar a grandeza da nossa nação, compreendemos que a grandeza nunca é um dado adquirido. Deve ser conquistada. A nossa viagem nunca foi feita de atalhos ou de aceitar o mínimo. Não tem sido o caminho dos que hesitam – dos que preferem o divertimento ao trabalho, ou que procuram apenas os prazeres da riqueza e da fama. Pelo contrário, tem sido o dos que correm riscos, os que agem, os que fazem as coisas – alguns reconhecidos mas, mais frequentemente, mulheres e homens desconhecidos no seu labor, que nos conduziram por um longo e acidentado caminho rumo à prosperidade e à liberdade.Por nós, pegaram nos seus parcos bens e atravessaram oceanos em busca de uma nova vida.Por nós, eles labutaram em condições de exploração e instalaram-se no Oeste; suportaram o golpe do chicote e lavraram a terra dura. Por nós, eles combateram e morreram, em lugares como Concord e Gettysburg; Normandia e Khe Sahn. Tantas vezes estes homens e mulheres lutaram e se sacrificaram e trabalharam até as suas mãos ficarem ásperas para que pudéssemos viver uma vida melhor. Eles viram a América como maior do que a soma das nossas ambições individuais; maior do que todas as diferenças de nascimento ou riqueza ou facção.Esta é a viagem que hoje continuamos. Permanecemos a nação mais poderosa e próspera na Terra. Os nossos trabalhadores não são menos produtivos do que eram quando a crise começou. As nossas mentes não são menos inventivas, os nossos produtos e serviços não são menos necessários do que eram na semana passada ou no mês passado ou no ano passado. A nossa capacidade não foi diminuída. Mas o nosso tempo de intransigência, de proteger interesses tacanhos e de adiar decisões desagradáveis – esse tempo seguramente que passou. A partir de hoje, devemos levantar-nos, sacudir a poeira e começar a tarefa de refazer a América.Para onde quer que olhamos, há trabalho paraa fazer. O estado da economia pede acção, corajosa e rápida, e nós vamos agir – não só para criar novos empregos mas para lançar novas bases de crescimento. Vamos construir estradas e pontes, redes eléctricas e linhas digitais que alimentam o nosso comércio e nos ligam uns aos outros. Vamos recolocar a ciência no seu devido lugar e dominar as maravilhas da tecnologia para elevar a qualidade do serviço de saúde e diminuir o seu custo. Vamos domar o sol e os ventos e a terra para abastecer os nossos carros e pôr a funcionar as nossas fábricas. E vamos transformar as nossas escolas e universidades para satisfazer as exigências de uma nova era. Podemos fazer tudo isto. E tudo isto iremos fazer. Há alguns que, agora, questionam a escala das nossas ambições – que sugerem que o nosso sistema não pode tolerar muitos planos grandiosos. As suas memórias são curtas. Esqueceram-se do que este país já fez; o que homens e mulheres livres podem fazer quando à imaginação se junta um objectivo comum, e à necessidade a coragem.O que os cínicos não compreendem é que o chão se mexeu debaixo dos seus pés – que os imutáveis argumentos políticos que há tanto tempo nos consomem já não se aplicam. A pergunta que hoje fazemos não é se o nosso governo é demasiado grande ou demasiado pequeno, mas se funciona – se ajuda famílias a encontrar empregos com salários decentes, cuidados de saúde que possam pagar, pensões de reformas que sejam dignas. Onde a resposta for sim, tencionamos seguir em frente. Onde a resposta for não, programas chegarão ao fim.E aqueles de nós que gerem os dólares do povo serão responsabilizados – para gastarem com sensatez, reformarem maus hábitos e conduzirem os nossos negócios à luz do dia – porque só então poderemos restaurar a confiança vital entre o povo e o seu governo.Não se coloca sequer perante nós a questão se o mercado é uma força para o bem ou para o mal. O seu poder de gerar riqueza e de expandir a democracia não tem paralelo, mas esta crise lembrou-nos que sem um olhar vigilante o mercado pode ficar fora de controlo – e que uma nação não pode prosperar quando só favorece os prósperos. O sucesso da nossa economia sempre dependeu não só da dimensão do nosso Produto Interno Bruto, mas do alcance da nossa prosperidade; da nossa capacidade em oferecer oportunidades a todos – não por caridade, mas porque é o caminho mais seguro para o nosso bem comum.Quanto à nossa defesa comum, rejeitamos como falsa a escolha entre a nossa segurança e os nossos ideais. Os nossos Pais Fundadores, face a perigos que mal conseguimos imaginar, redigiram uma carta para assegurar o estado de direito e os direitos humanos, uma carta que se expandiu com o sangue de gerações. Esses ideais ainda iluminam o mundo, e não vamos abdicar deles por oportunismo. E por isso, aos outros povos e governos que nos estão a ver hoje, das grandes capitais à pequena aldeia onde o meu pai nasceu: saibam que a América é amiga de todas as nações e de todos os homens, mulheres e crianças que procuram um futuro de paz e dignidade, e que estamos prontos para liderar mais uma vez.Recordem que as primeiras gerações enfrentaram o fascismo e o comunismo não só com mísseis e tanques mas com alianças sólidas e convicções fortes. Compreenderam que só o nosso poder não nos protege nem nos permite agir como mais nos agradar. Pelo contrário, sabiam que o nosso poder aumenta com o seu uso prudente; a nossa segurança emana da justeza da nossa causa, da força do nosso exemplo, das qualidades moderadas de humildade e contenção.Nós somos os guardiões deste legado. Guiados por estes princípios uma vez mais, podemos enfrentar essas novas ameaças que exigem ainda maior esforço – ainda maior cooperação e compreensão entre nações. Vamos começar responsavelmente a deixar o Iraque para o seu povo, e a forjar uma paz arduamente conquistada no Afeganistão. Com velhos amigos e antigos inimigos, vamos trabalhar incansavelmente para diminuir a ameaça nuclear, e afastar o espectro do aquecimento do planeta. Não vamos pedir desculpa pelo nosso modo de vida, nem vamos hesitar na sua defesa, e àqueles que querem realizar os seus objectivos pelo terror e assassínio de inocentes, dizemos agora que o nosso espírito é mais forte e não pode ser quebrado; não podem sobreviver-nos, e nós vamos derrotar-vos.Porque nós sabemos que a nossa herança de diversidade é uma força, não uma fraqueza. Nós somos uma nação de cristãos e muçulmanos, judeus e hindus – e não crentes. Somos moldados por todas as línguas e culturas, vindas de todos os cantos desta Terra; e porque provámos o líquido amargo da guerra civil e da segregação, e emergimos desse capítulo sombrio mais fortes e mais unidos, não podemos deixar de acreditar que velhos ódios um dia passarão; que as linhas da tribo em breve se dissolverão; que à medida que o mundo se torna mais pequeno, a nossa humanidade comum deve revelar-se; e que a América deve desempenhar o seu papel em promover uma nova era de paz. Ao mundo muçulmano, procuramos um novo caminho em frente, baseado no interesse mútuo e no respeito mútuo. Aos líderes por todo o mundo que procuram semear o conflito, ou culpar o Ocidente pelos males da sua sociedade – saibam que o vosso povo vos julgará pelo que construírem, não pelo que destruírem. Aos que se agarram ao poder pela corrupção e engano e silenciamento dos dissidentes, saibam que estão no lado errado da história; mas que nós estenderemos a mão se estiverem dispostos a abrir o vosso punho fechado.Aos povos das nações mais pobres, prometemos cooperar convosco para que os vossos campos floresçam e as vossas águas corram limpas; para dar alimento aos corpos famintos e aos espíritos sedentos de saber. E às nações, como a nossa, que gozam de relativa riqueza, dizemos que não podemos mais mostrar indiferença perante o sofrimento fora das nossas fronteiras; nem podemos consumir os recursos do mundo sem prestar atenção aos seus efeitos. Porque o mundo mudou, e devemos mudar com ele.Ao olharmos para o caminho à nossa frente, lembremos com humilde gratidão os bravos americanos que, neste preciso momento, patrulham desertos longínquos e montanhas distantes. Eles têm alguma coisa para nos dizer hoje, tal como os heróis caídos em Arlington fazem ouvir a sua voz. Honramo-los não apenas porque são guardiões da nossa liberdade, mas porque incorporam o espírito de serviço; uma vontade de dar significado a algo maior do que eles próprios. E neste momento – um momento que definirá uma geração – é este espírito que deve habitar em todos nós. Porque, por mais que o governo possa e deva fazer, a nação assenta na fé e na determinação do povo americano. É a generosidade de acomodar o desconhecido quando os diques rebentam, o altruísmo dos trabalhadores que preferem reduzir os seus horários a ver um amigo perder o emprego que nos revelam quem somos nas nossas horas mais sombrias. É a coragem do bombeiro ao entrar por uma escada cheia de fumo, mas também a disponibilidade dos pais para criar um filho, que acabará por selar o nosso destino. Os nossos desafios podem ser novos. Os instrumentos com que os enfrentamos podem ser novos. Mas os valores de que depende o nosso sucesso – trabalho árduo e honestidade, coragem e fair play, tolerância e curiosidade, lealdade e patriotismo – estas coisas são antigas. Estas coisas são verdadeiras. Têm sido a força silenciosa do progresso ao longo da nossa história. O que é pedido, então, é o regresso a essas verdades. O que nos é exigido agora é uma nova era de responsabilidade – um reconhecimento, da parte de cada americano, de que temos obrigações para connosco, com a nossa nação, e com o mundo, deveres que aceitamos com satisfação e não com má vontade, firmes no conhecimento de que nada satisfaz mais o espírito, nem define o nosso carácter, do que entregarmo-nos todos a uma tarefa difícil.Este é o preço e a promessa da cidadania.Esta é a fonte da nossa confiança – o conhecimento de que Deus nos chama para moldar um destino incerto.Este é o significado da nossa liberdade e do nosso credo – é por isso que homens e mulheres e crianças de todas as raças e todas as religiões se podem juntar em celebração neste magnífico mall, e que um homem cujo pai há menos de 60 anos não podia ser atendido num restaurante local pode agora estar perante vós a fazer o mais sagrado juramento.Por isso, marquemos este dia com a lembrança do quem somos e quão longe fomos. No ano do nascimento da América, no mais frio dos meses, um pequeno grupo de patriotas juntou-se à beira de ténues fogueiras nas margens de um rio gelado. A capital tinha sido abandonada. O inimigo avançava. A neve estava manchada de sangue. No momento em que o resultado da nossa revolução era incerto, o pai da nossa nação ordenou que estas palavras fossem lidas ao povo:“Que o mundo que há-de vir saiba que... num Inverno rigoroso, quando nada excepto a esperança e a virtude podiam sobreviver... a cidade e o país, alarmados com um perigo comum, vieram para [o] enfrentar.” América. Face aos nossos perigos comuns, neste Inverno das nossas dificuldades, lembremo-nos dessas palavras intemporais. Com esperança e virtude, enfrentemos uma vez mais as correntes geladas e suportemos as tempestades que vierem. Que seja dito aos filhos dos nossos filhos que quando fomos testados recusámos que esta viagem terminasse, que não recuámos nem vacilámos; e com os olhos fixos no horizonte e a graça de Deus sobre nós, levámos adiante a grande dádiva da liberdade e entregámo-la em segurança às futuras gerações.

Não é o messias mas ajuda

Discurso de vitória em Chicago:
"Olá, Chicago! Se alguém aí ainda dúvida de que os Estados Unidos são um lugar onde tudo é possível, que ainda se pergunta se o sonho de nossos fundadores continua vivo em nossos tempos, que ainda questiona a força de nossa democracia, esta noite é sua resposta.
É a resposta dada pelas filas que se estenderam ao redor de escolas e igrejas em um número como esta nação jamais viu, pelas pessoas que esperaram três ou quatro horas, muitas delas pela primeira vez em suas vidas, porque achavam que desta vez tinha que ser diferente e que suas vozes poderiam fazer esta diferença.
É a resposta pronunciada por jovens e idosos, ricos e pobres, democratas e republicanos, negros, brancos, hispânicos, indígenas, homossexuais, heterossexuais, incapacitados ou não-incapacitados.
Americanos que transmitiram ao mundo a mensagem de que nunca fomos simplesmente um conjunto de indivíduos ou um conjunto de estados vermelhos e estados azuis.
Somos, e sempre seremos, os EUA da América.
É a resposta que conduziu aqueles que durante tanto tempo foram aconselhados por tantos a serem céticos, temerosos e duvidosos sobre o que podemos conseguir para colocar as mãos no arco da História e torcê-lo mais uma vez em direção à esperança de um dia melhor." Está em português do Brasil mas é algo que se entende :)