terça-feira, dezembro 20, 2005

Tempo de verdadeiro Natal

DISCRETA E TERNA
Discreta e terna há-de envolver-me
a luz terna do Teu olhar,
Senhora a Quem tantas vezes eu disse
"Ave Maria, cheia de graça":
que Tua presença me não falte
nessa hora, nesse instante.

És a Virgem fiel - a que mantém as promessas,
por isso, Tu cumprirás a promessa:
cumprirás, porque cá me diz o coração:
"Mãe!"
Virás, assim, à beira do meu leito,
ou onde quer que a vida me comece a abandonar,
"Santa Maria, Mãe de Deus".

Olhar vago,
talvez ardendo em febre,
talvez então nem de Ti eu me lembre,ó meu Amor de sempre...
"Rogai por nós, pecadores".

Sei, porém, - mais: tenho a certeza
que foi por minha causa
que o Senhor orou: "Nas Tuas mãos,Pai, entrego a minha alma..."

Desde então, é certo,
sempre que o poente da vida
crisma a fronte de um homem,
vibra intenso, como no Calvário,
o brado saído do coração de Deus:"Mulher, aí tens o Teu filho".

Discreta e terna há-de envolver-me
a luz terna do Teu olhar.
Estreitando-me junto ao Teu peito virginal,
dirás então aos Anjos em êxtase:
"Um menino nos acaba de nascer..."

Há-de sorrir Isaías.E Deus, também.

Alexandre do Nascimento Séx.XX (Angolano, Cardeal e poeta)

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